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Mass Efect 3

O arrependimento é um dos sentimentos que impera em cada humano. O poder de decisão entregue a cada ser humano possibilita a chegada de erros, muitas vezes derivados de consequências ou resultados diretos não calculados. Poderei ir mais longe, afirmando que muitas vezes esquecemo-nos que uma decisão nossa provoca um efeito ou efeitos em cadeia, os quais raramente podemos controlar. A maioria dos videojogos não permite esta abordagem às personagens jogáveis, mas existem algumas raras exceções que dão ao jogador um enorme poder de decisão, com efeitos devastadores.

Mass Effect 3 é para mim, talvez a par de Heavy Rain, o jogo que mais me marcou a este respeito. O poder de decisão é tal que senti-me genuinamente arrependido por ter tomado determinada decisão. Muitas vezes não sabemos os resultados que derivarão das nossas decisões, e quando temos o destino de todo o universo nas nossas mãos, incluindo todos os seres vivos e sintéticos, então temos que ter muito cuidado com as decisões que tomamos. O estúdio BioWare está bem habituado a este tipo de narrativa complexa. Mass Effect 2 é um dos exemplos, merecendo na altura a nota máxima na Eurogamer Portugal.

Tenho que também começar por louvar a atitude da BioWare para com a franquia Mass Effect. O universo do jogo ou da série é enorme. Quando digo enorme, quero dizer gigantesco. A complexidade das relações, as imensas raças do universo são de tal forma ricas que facilmente o estúdio poderia ter colocado outra equipa a explorar em formatos de spin-off outros elementos da série. (Aqui não incluo os jogos ou pequenos formatos do iOS, pois não considero um aproveitamento desnecessário). Existe uma enorme riqueza e atenção ao detalhe. Quem não conhece a série, dificilmente poderá entrar de cabeça em Mass Effect 3. Se o fizer está a perder todo um trabalho de anos, onde foram criadas relações sólidas entre as diversas personagens que culminam neste último jogo da trilogia.

Mass Effect 3 é uma sequela e seguimento direto do segundo jogo da série. Poderão aproveitar e pegar também nos DLCs lançados para Mass Effect 2, que irão compor a história, mas nada de grave. Nesta análise falarei sempre da personagem base, o que costumo chamar do genuíno Comandante Shepard. Desde o primeiro jogo sempre escolhi o tradicional, talvez por achar que esta é a visão fidedigna e sem alterações dos estúdios BioWare. Mas poderão jogar com a vossa personagem de Mass Effect 2, influenciando por quem morreu no jogo, e claro, levarão as personagens específicas para o terceiro jogo. Se quiserem ainda poderão jogar com a FemShep, uma visão ainda mais adulterada (desculpem quem joga com a FemShep) do formato original.

O Comandante Shepard inicia a sua jornada desde o nosso planeta Terra (fruto de um dos DLCs de ME2). Os Reapers, uma raça sintética extremamente antiga e poderosa, cumpre com as ameaças e faz um ataque feroz contra o planeta Terra. A humanidade vê-se confrontada com uma ameaça com poder de fogo para além do que consegue suportar, e as baixas começam a crescer rapidamente. A única esperança está em Shepard, mais precisamente na sua capacidade de reunir todo o universo na mesma causa. Vencerem os Reapers.

Este é à partida um enredo nada extraordinário. A humanidade vê-se novamente perante a aniquilação global e um herói é sempre necessário nestes momentos. Mas a tarefa não será fácil. As diversas raças do universo têm os seus próprios problemas e poderão não estar interessados em disponibilizar recursos que poderão fazer falta noutras frentes. Temos por exemplo a eterna guerra entre os Quarian e os Geth, ou entre os Turian e os Krogan. Não esquecer ainda as estranhas intenções da organização Cerberus e o seu líder misterioso The Illusive Man. Estamos assim dentro de um caldo a ferver pronto para entornar a qualquer momento.

A principal tarefa de Shepard é reunir o maior número possível de aliados para a batalha na Terra. Para isso irá viajar por todo o universo, criando alianças e resolvendo as diversas divergências para que todos se entendam e tenham um objetivo em comum. Derrotar os Reapers. Aqui poderá começar uma das maiores críticas a Mass Effect 3. Diferente dos anteriores, principalmente de Mass Effect 2, aqui temos um planeta Terra completamente cercado e atacado por ferozes máquinas maiores que arranha-céus que dizimam tudo à sua frente num piscar de olhos. A demanda por ajuda demorará o seu tempo e pelo caminho ainda temos tempo para missões extras que retiram um pouco do senso de urgência e pânico que se vive. Nem mesmo o choro de uma personagem masculina que acabou por perder o seu marido é razão para pressas. Na verdade poderão andar mais rápido, cumprindo com as missões principais e têm mais de 22 horas de jogo. Mas deixam para trás imensas missões laterais.

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